quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Definidas as exibições

"Sob o olhar de Santa Isabel", documentário realizado pelos estudantes do 7º período de jornalismo do Instituto J Andrade, foi concebido para ser um trabalho acadêmico dentro da disciplina Planejamento de Documentários para TV. O trabalho entusiasmado da turma, e o resultado do processo de gravação tomou conta dos alunos que uniram forças para que "Sob o olhar" não fosse exibido apenas na faculdade.

Como já haviam agendado o dia 3 de dezembro para a exibição no Instutito J Andrade, aberto à toda comunidade acadêmica, ficou ainda, o desejo de mostrar o resultado do trabalho aos entrevistados e seus amigos e familiares. E não é que os estudantes conseguiram isso?!


A Funarbe (Fundação Artístico-cultural de Betim) confirmou que nos dias 23 de janeiro (às 17h) e 27 de janeiro (às 18h) "Sob o olhar de Santa Isabel" será exibido para toda a comunidade da colônia e região. "Uma enorme satisfação para toda a equipe que trabalhou neste projeto. Esperávamos ansiosos pela confirmação da exibição durante o Concerto, de pelo menos um dia. Ficamos sabendo que serão dois. Alegria é pouco para o que estamos sentindo. Nosso sincero agradecimento à Funarbe por confiar em nosso trabalho e ao Morhan, que tanto nos ajudou", afirmou o diretor do Doc, o aluno Márcio Antunes.

Release.

Colônia Santa Isabel é tema de documentário acadêmico
“Sob o olhar de Santa Isabel” terá exibições em Juatuba e na própria Colônia, em Betim


"Sob o olhar de Santa Isabel", documentário realizado pelos estudantes do 7º período de jornalismo do Instituto J Andrade, conta a história dos ex-hansenianos que moram na Colônia Santa Isabel, em Betim. A comunidade acadêmica do Instituto J Andrade de Ensino Superior, em Juatuba, irá assistir ao trabalho no próximo dia 3 de dezembro, às 20h, na própria instituição. Já com o apoio da Fundação Artístico-Cultural de Betim (Funarbe), os estudantes apresentarão o documentário, nos dias 23 e 27 de janeiro, dentro da programação do "Concerto Contra o Preconceito". O evento promovido pelo Movimento de Reintegração das Pessoas Acometidas pela Hanseníase (Morhan), com atividades em Belo Horizonte e em Betim, tanto na região central, quanto na própria colônia.

Entusiasmados pelo contexto histórico do lugar, os futuros jornalistas optaram pela colônia como tema do documentário que devem produzir para a disciplina "Planejamento de Documentários para TV". O grupo de 15 estudantes foram os responsáveis por todo o processo de produção que envolveu a pesquisa histórica, pré-produção, gravação e edição. Os estudantes utilizaram os equipamentos disponíveis do Instituto J Andrade, como câmeras e ilha de edição.

A escolha das personagens foi decidida em conjunto com Hélio Dutra, Presidente do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan). A captura de imagens e as entrevistas emocionaram os estudantes-documentaristas. "Esta experiência tem sido enriquecedora e surpreendente. Surpreendente porque pude descobrir nas pessoas à vontade e alegria de viver mesmo diante das dificuldades. E enriquecedora porque me acrescentou muitos valores, entre eles, a certeza de que a fé impulsiona o mundo", define Rafaela Saliba, uma das integrantes da equipe de produção.

De acordo com Richardson Pontone, a avaliação como forma de aprovar os estudantes é apenas um detalhe, o que vale mesmo é o aprendizado pela prática. “A nossa intenção é fomentar o conhecimento do documentário a todo tipo de público e proporcionar a instrumentação técnica necessária para a construção de narrativas documentais. Tanto em comunidades carentes como em círculos cinematográficos, observamos pouco conhecimento acerca do documentário. Por outro lado, há o interesse comum por desvendar essa história e colocar a mão na câmera. Antes de nos instrumentalizar meramente em uma "nota", o que acredito ser imprescindível é a prática", constata o professor.

Para o aluno escolhido para ser o diretor do documentário, Márcio Antunes, o resultado final ficou mais do que satisfatório, ficou emocionante. “Escolher a colônia não foi uma tarefa difícil. É um local muito importante para toda a cidade. Santa Isabel é a maior colônia de ex-hansenianos do Brasil. E não é só isso. Ela tem história e cultura aflorando por todos os lados. Ver o documentário pronto e com a cara que queríamos, é de emocionar”, define Antunes. Há ainda a previsão de que este documentário possa participar de festivais de cinema pelo país, em 2008.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Cibele Saliba

Foto legenda: Cibele capta o áudio de uma das entrevistadas


Neste emocionante documentário pudemos conhecer pessoas com histórias de vida sofridas, cheias de preconceito e incrivelmente vitoriosas, que de uma maneira ou de outra conseguiram construir um final feliz. Vidas marcadas pelo desconhecimento da época, pela dor da separação, pelas seqüelas da hanseníase, pelo tratamento, tristezas e isolamento, histórias que nos fazem chorar e reavaliar nossos conceitos e valores. Esse documentário não foi apenas um trabalho de faculdade como outro qualquer, foi uma lição de vida para todos nós, alunos do 7º período, que conhecemos e poderemos compartilhar um pouco dessas sensibilizantes histórias com outras pessoas. É muito gratificante poder mostrar, resgatar e ajudar na constante luta dos moradores da Colônia Santa Isabel contra esse amargo preconceito que ainda hoje existe (em proporções menores), seja pela falta de conhecimento, ou pela sombria história desse lugar marcado por dor e sofrimento. Localizado na cidade de Betim, na região do Citrolândia, a Colônia Santa Isabel, antigo abrigo de hansenianos, faz parte do patrimônio histórico dessa cidade.





Divisão de Funções
Como editora tenho o privilégio de rever todos os momentos marcantes que presenciei nas duas vezes que pude comparecer nas gravações e também assistir as que não estive presente. Essa função nos possibilita exercitar nosso poder de concentração e aguçando nossa percepção para detalhes que passaram despercebidos nos momentos das gravações, além de nos presentear com a finalização de importante trabalho. Como todo trabalho em grupo bem organizado, também tive a oportunidade de tirar fotos nas gravações e ajudar a confeccionar o layout do cartaz de divulgação e da capa do DVD de nosso documentário.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Risiane Castro

Histórias lindas e reais

Momentos inexplicáveis,
Pessoas especiais, vidas sofridas e que superam as barreiras para conseguir um espaço neste mundo. São pessoas assim que nós encontramos ao longo desse trabalho, não simplesmente acadêmico, mas uma lição para cada um de nós que ouvimos e vimos estas histórias.
Barradas pelo preconceito, excluídas da sociedade (até por quem mais amavam), estes ex-hansenianos aprenderam a sobreviver e superar os problemas, sozinhos! Não! Eles têm um Deus maior, uma fé capaz de mover montanhas e foi essa fé que fez com que aquelas crianças que chegaram à Colônia, em busca de tratamento, encontrassem a felicidade.


Foto legenda: Risiane (preto) espera para começar a gravar com uma das entrevistadas.

Choramos... Emoções fizeram parte do nosso projeto, só assim aprendemos e podemos ver que a vida da gente é uma dádiva de Deus, aprendemos a agradecer pelo que temos, conhecemos de perto a fé e vimos que com ela somos capazes de vencer.

Pude conhecer problemas que nem passam perto “dos nossos”, mas que a gente teima em reclamar todos os dias. A Colônia é um lugar aconchegante. Pessoas alegres que nos receberam de braços abertos e abriram as portas de suas casas com um sorriso no rosto. Nosso projeto enfim, foi uma escola pra nós...

Acredito que todos que assistirem ao “Sob o olhar de Santa Izabel” vão começar a ver a vida por outro ângulo.
Histórias comoventes! Que tocam fundo nos corações, contada por pessoas, nenhuma estrela e nenhum artista, pessoas como a gente, que andam nas ruas sem se preocupar, que sabem o valor de suas vidas e que são apenas felizes, muito felizes apesar de todo o sofrimento.

Vale a pena conferir, é simplesmente lindo!!!

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Rafaela Saliba

A ESCOLHA DO TEMA
Momento de dúvida, falar sobre a desativação de um presídio localizado no centro de Betim ou sobre a Colônia Santa Isabel, antigo abrigo de hansenianos localizado no bairro Citrolândia, periferia da mesma cidade. Ingenuidade a minha, mas ao votar na Colônia pensei em me deparar com uma realidade menos árdua, menos sombria que as histórias de um presídio. Mal sabia o que estava por vir...
Ressalto que o fator mais decisivo na escolha foi a relevância do documentário para a sociedade e a pertinência do assunto mesmo em dias atuais.

A DIVISÃO DE FUNÇÕES
Em principio pensei em fazer parte da equipe de edição, como de costume, mas o desejo de aprender outras experiências, a possibilidade de novas vivências, me fez escolher fazer parte da equipe de cinegrafia. Devido à ausência de equipamentos nos subdividimos em cinegrafista principal e assistentes de apoio. Ao contrário que se possa imaginar, o fato de não ter em mãos uma câmera não tirou o glamour da minha contribuição.

Além de checar a iluminação, averiguar as tomadas elétricas, se seria necessário o uso de extensão, etc. vimos objetos, alguns foram para mim chocantes, as botas das crianças hansenianas e as fichas de ingresso, semelhantes às fichas policiais, são alguns exemplos. Vimos um álbum de fotos com a evolução da doença em muitos pacientes e uma riquíssima biblioteca com um vasto acervo sobre o tema.

Foto legenda: Rafaela verifica uma das peças que serão filmadas pela equipe de produção de "Sob o olhar"

AS PERSONAGENS
O discurso emocionado de muitas das personagens escolhidas para ilustrar o nosso documentário me sensibilizou, me fez chorar e reavaliar os meus conceitos, minha noção de prioridade, o valor que se deve dar à família, à saúde, etc.

Todas as personagens tem o seu encanto, citarei aqui as que mais me emocionaram e que de alguma forma me identifiquei com seu discurso.

A primeira delas foi D. Antonia, quem vê aquela senhora franzina de aparência frágil, não imagina a força e a vontade de viver que a fizeram superar o trauma de ver sua filha renegada pela própria avó, entregue para adoção, o suicídio do marido e a casa incendiada, além é claro, da descoberta da doença ainda sem cura, carregada de preconceito e o confinamento. Ouvir D. Antonia cantar com toda sua doçura me trouxe de volta o encantamento da infância.

Falando nisso, me lembro com ternura da fala do Sr. José André, quem o vê estacionando com habilidade seu Fusca não imagina que além de sofrer com o afastamento de sua família, ao ver os pais morrerem, ainda teve parte dos pés de mãos mutilados pela doença. Me emocionei muito com as suas histórias, a que mais me marcou foi ouvi-lo contar que raramente conseguia ir para Belo Horizonte, já que ao avistá-lo o motorista logo fechava a porta e arrancava o ônibus. Também foi marcante ouvir sua discrição dos vagões de trem que transportavam os portadores e suspeitos de hanseníase do Espírito Santo para Santa Isabel.

Sr. Félix com sua fala mansa e serena nos conta que escolheu viver por ali, mesmo não sendo portador da doença. Tal comportamento não é difícil de entender já que aquela região é sim carregada de afeto, aquelas pessoas maravilhosas, dotadas de sentimentos nobres conseguiram reverter essas lembranças em superação e alegria de viver.

Helinho também é uma figura interessante, ao vê-lo adentrar o Memorial com suas surradas sandálias havaianas me surpreendi ao ouvir seu discurso. Ele é muito articulado, tem o dom da oratória e nos apresentou cada canto, em alguns momentos vi seus olhos anuveados em lágrimas. Helinho fala com orgulho e propriedade que a colônia foi o berço da cultura na região. Ele conta com fervor dos momentos de rádio, peças teatrais e principalmente dos concertos de jazz, que trazia ouvintes de todos os lugares.

OS DETALHES
No segundo dia de gravação ao entrar na Igreja, domingo logo cedo foi agradável e aconchegante, é claro que os moradores pareciam curiosos e até desconfiados frente às câmeras. Mas o nosso prazer de produzir, a sensação de praticar o jornalismo falou mais alto e despertou em mim a sensibilidade de olhar para além do obvio. Foi exatamente isso que fiz ao examinar todos aqueles quadros que alegravam a pequena Igreja. Naquelas telas minha imaginação foi longe, era um trabalho artístico surreal, totalmente simbólico. Para exemplificar, descrevo algumas delas: vimos Cristo crucificado ao lado de um trailler da Coca-Cola, vimos também apóstolos vestidos com a farda da Polícia Militar, o Batman e o Coringa assistindo a tudo isso.


A TRAVESSIA
Ao ver que naquele lugar os cavalos comungam o mesmo espaço que os moradores, que as antigas bicicletas transportavam famílias e as compras são carregadas com o auxílio de carrinho de mão dava para ver que estávamos em um quase interior. Tive essa confirmação ao ver que um corredor estreito entre duas casas ladeadas por “barrancos” eram uma das pontas da travessia do rio Paraopeba. O percurso é feito pelos moradores há mais de 50 anos, leva aproximadamente dois minutos e custa R$1,00. Quem não pode pagar ou não tem tempo de dar a volta de 13 km pela estrada acaba se aventurando no nado. Parece que as autoridades se esqueceram de cuidar daquela rica região.

MAKING OFF
No início me senti insegura por estar em um bairro até então desconhecido e ladeado pela favela Alto da Boa Vista, onde os índices de violência são crescentes, por um momento tive medo que aranhassem meu carro ou roubassem nossos equipamentos. Logo a sinergia da equipe e o envolvimento com o trabalho me fizeram esquecer a insegurança. Não vou esquecer que fomos “atacados” por um enxame de insetos ao tentar esconder uma fonte do sol. Também será difícil esquecer o delicioso almoço da D. Joelma. Parece que até a Coca-Cola vendida na Colônia Santa Isabel foi mais saborosa depois de uma longa e exaustiva tarde de filmagens.

O FIM
Na verdade, o fim para mim tem com gostinho de começo. Agora recomeça o trabalho e suas outras etapas, a exibição, a divulgação e porque não o incessante pensar em qual será o tema do próximo documentário. Bem que o Richardson avisou que isso vicia...

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Claudio Almeida

As gravações na colônia Santa Izabel não são apenas para a criação de um documentário, vão muito além disso. Servem para refletir sobre os momentos da vida de cada um de nós. É a emoção que toma conta de toda equipe e dos entrevistados, quando estes relatam as suas histórias e como “venceram” na vida.
Ao chegar à colônia pela primeira vez, percebo um lugar triste, cercado de centros de tratamentos para pessoas com hanseníase, rostos que trazem os sofrimentos do passado, e em algumas pessoas, o alívio de que conseguiram vencer seus principais obstáculos.

No segundo dia, uma emocionante entrevista, que precisei ser forte para não chorar. ao realiza-la, passou pela minha cabeça os momentos alegres e tristes que tive e tirei uma conclusão de que meus problemas não são nada se comparados aos dessas pessoas, e percebi que 50% das coisas que reclamo são desnecessárias ou apenas fazem parte de um simples capricho. As palavras da entrevistada (Dona Antônia) soaram como lição de vida: "Mesmo com a minha doença, o suicídio do meu primeiro marido e os 30 anos que fiquei longe da minha filha, SOU UMA PESSOA FELIZ".







E acreditem: Me tornei uma pessoa melhor com essas palavras e pretendo aproveitar TODOS OS MOMENTOS FELIZES que a vida me proporciona.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Medicina é dedicação


Dr. Getúlio foi nosso segundo entrevistado. Durante seu plantão no hospital da Colônia, este simpático dermatologista nos recebeu na "Casa dos Médicos". Um espaço para onde os médicos vão em seus raros momentos de descanso. Dr. getúlio trabalharia até a manhã do dia seguinte. Com o mesmo empenho que atende seus pacientes, ele nos recebeu e contou o que é a doença, como é contraída e de que forma é combatida, hoje em dia.


Não é fácil. Trabalhar com pessoas tão sofridas exige preparo psicológico. Ele, em um momento de desabafo, contou-nos que quando começou a atender os hansenianos, também acometeu-se de um preconceito vedado, que é originado pela falta de conhecimento.


Mas, com o passar do tempo, mudou a visão que tinha e passou a dedicar-se com tamanho entusiasmo e é um dos médicos preferidos dos pacientes que ainda estão em tratamento. E não é só isso. Aqueles que já se curaram, são tão agradecidos ao carinho e atenção que receberam dele, e dos demais médicos, que ainda o tratam com o mesmo carinho e respeito.

Segunda gravação: Ainda mais emocionante


Após o final de semana prolongado - optamos por não gravar para poder dar continuidade aos outros trabalhos acadêmicos previstos nesta etapa do semestre - retornamos à Colônia no domingo, dia 21/10.


Encontramo-nos em frente à Igreja e logo seguimos em direção ao Museu onde iríamos gravar com o Hélio Dutra (Chamado por nós de Helinho). Ele conta como a vida dele está diretamente ligada à história do local, por meio dos pais, que vieram para o tratamento da doença. Também, Helinho nos falou como a adolescência e infância estão marcadas pelo impacto de morar em um local onde há tanta história de preconceito e de superação.


Helinho é hoje o Presidente do Morhan (Movimento de Reintregração das Pessoas Cometidas pela Hanseníase) se não me falha a memória, a sigla significa isso. Helinho também foi capaz de nos comover por seu empenho, quase irrestrito, ao movimento de reintegração das pessoas que hoje estão curadas, mas ainda marcadas pelo sofrimento que vivenciaram durante todos estes anos.


Legenda: Hélio Dutra, o Helinho, durante entrevista.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Visões e percepções da Rafaela

Por: Rafaela Saliba



O que dizer sobre esta experiência...
Ela tem sido enriquecedora e surpreendente.

Surpreendente porque pude descobrir nas pessoas a vontade e alegria de viver mesmo diante das dificuldades.






Enriquecedora porque me acrescentou muitos valores, entre eles a certeza de que a fé impulsiona o mundo.

Não quero parecer piegas mas tenho a convicção de que não serei mais a mesma depois do documentário Colônia. Levarei comigo para sempre a certeza de que somos agraciados por Deus e dotados de sentimentos nobres, vi que ao contrário do que eu podia imaginar me emocionei com o discurso de muitas daquelas personagens, me identifiquei com outros e principalmente percebi a importância do trabalho em equipe.


Legenda:

Foto 1: Rafaela (verde) e Cibele fazem apuração dos materiais dentro do Memorial que poderão ser usados no doc.

Foto 2: Rafaela e demais integrantes da equipe preparam equipamentos para as filmagens externas!

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Memorial - Museu conta história dos hansenianos

Imagens que você vai ver:

Bota ortopédica usada por um paciente que não tinha parte dos dedos do pé, o que dificultava a locomoção.





















Especie de triciclo;

Outra maneira usada pelos antigos pacientes da Colônia, com o intuito de se locomover.











Projetor de cinema
Durante muito tempo, a única opção d elazer na Colônia Santa Izabel era o Cine Teatro Glória (Ainda em funcionamento, mas como centro cultural mantido pela Prefeitura Municipal de Betim).



quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Pequeno relato da primeira etapa de gravação.


Por Márcio Antunes
Nossa preocupação, no dia da gravação, era começar o nosso trabalho. O Memorial do Morhan, que fica ao lado do Cine Teatro Glória, possui uma infinidade de pequenos objetos - outros bem grandes como o projetor de cinema usado no cine - que ajudam a contar esta história fascinante!
No mesmo local há uma biblioteca. Não há como descrever. É preciso entrar no Memorial e observar. O que mais me chamou a atenção foi o número de fotografias ampliadas e emolduradas. Expostas nas paredes, refletem um passado rico e personagens e relatos.
Para ajudar a equipe de edição, narramos os objetos (Foto). Enquanto o leandro pegava a melhor imagem, eu ia decsrevendo o que estava sendo filmado. Foi sensacional.


quarta-feira, 10 de outubro de 2007

E começam as gravações

Por: Edinéia Alves

Depois do contato e pesquisa, começamos com as gravações propriamente ditas. Foi feito um levantamento das pessoas que poderiam ser entrevistadas. A maioria gosta desse tipo de trabalho, de contar suas histórias, de conhecer novos ouvintes para seus casos. Organizamos uma lista com aproximadamente dez nomes de personagens.

No primeiro dia de gravação, 27/set./07, fizemos imagens externas das edificações históricas. No segundo dia, 06/ou.t/07, conversamos com três personagens. Dona Antônia, Sr. Félix e Sr. José André. Foram feias imagens dos objetos do Museu. No terceiro dia de gravação, 07/out./07, fizemos imagens da missa de domingo com participação de alguns personagens escolhidos e moradores em geral.

Legenda foto: O Aluno Lenadro Rodrigues prepara os equipamentos para a gravação das imagens internas do Memorial.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

APURANDO NOSSO DOCUMENTÁRIO

Por: Edinéia Alves

A comunidade de Santa Izabel (região de Citrolândia – Betim) é muito organizada. Isso facilitou o trabalho de apuração e pesquisa do nosso documentário.

O primeiro passo foi entrar em contato com os representantes de associações e organizações que atuam na área. A Fhemig (Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais), responsável pela área da saúde no local, foi representada pelo Diretor do Hospital, Dr. Ricardo Chiguero. A Funarbe (Fundação Artísitco-Cultural de Betim) pelo coordenador do Centro Popular de Cultura, Ubiratan Santana. E o Morhan – Movimento de Reintegração do Hanseniano, foi representado pelo seu coordenador e também responsável pelo Museu da Colônia Santa Izabel, Helio Dutra.

As entidades possuem acervo documental e histórico sobre a antiga Colônia Santa Izabel. Histórias de atrocidades e preconceitos vividas pelos moradores e internados atingidos pelo mal de Hansen. Todas as pessoas com as quais conversamos foram muito receptivas ao nosso trabalho, não negando informação e sempre indicando alguma fonte de pesquisa e personagens para compor o documentário.

A minha percepção pessoal com relação ao que ouvimos no período de apuração é que os moradores são pessoas com pouco poder aquisitivo, sofridas, vítimas de preconceito e que guardam seqüelas de uma doença gravíssima que é a Hanseníase ou Lepra. Porém são felizes e querem levar uma vida comum de total integração com a sociedade.

SOB O OLHOS DE SANTA IZABEL

Quando elegeram Santa Izabel para ser a padroeira da comunidade, os moradores depositaram nas mãos da Santa um destino marcado de altos e baixos, alegrias e tristezas, saúde e doença. Muitos não escolheram aquele lugar para morar. Foram trazidos à força para ficarem confinados num sanatório, longe de suas famílias. Apesar de terem sofrido muito e suas histórias serem emocionantes e ponteadas com narrativas chocantes, eles fazem questão de mostrar a superação de seus problemas. Não falam nunca a palavra lepra, porque eles acham pejorativo. Preferem que o lugar onde moram seja chamado de bairro Santa Izabel e não de Colônia. Que o local de tratamento passe a ser chamado de Casa da Saúde.

Mesmo fazendo parte de uma estatística negativa que o coloca entre os bairros mais violentos da cidade, para muitos moradores, Santa Izabel ainda é o melhor do mundo para se viver, apesar de tudo.Mesmo com todas as mazelas reservadas aos moradores de Santa Izabel, eles passam para seus visitantes uma alegria de viver muito grande. Essa alegria é demonstrada desde o início da então Colônia, quando foi erguido, em 1920, um portal com uma inscrição em Latim “Hic Manebimus Optime”, que significa “Aqui vivemos Bem”. Outros traços reforçam essa alegria que persiste em permear a história triste dos hansenianos.

Na década de 40, o Cine Teatro Glória era o mais freqüentado da região. Abrigava exibição cinematográfica, peças de teatro, bailes de gala com orquestra e convidados especiais. Entre um e outro toque de recolher, eles se divertiam, namoravam, levavam uma vida comum e feliz. Numa história mais recente, a Escola de Samba “Acadêmicos de Citrolândia” brilhava na passarela do carnaval de rua de Betim, na década de 80. O Coral Tangarás de Santa Izabel mostra até hoje a força e a alegria de sua voz. Ou seja, eles fazem de tudo para esquecer um passado de penúrias.Parece mesmo que a padroeira Santa Izabel não tira seus olhos protetores daquela gente e insiste em tomar conta de seus filhos.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Equipe

Equipe de produção:
Direção geral: Márcio Antunes
Direção de Fotografia e Fotografia: César Resende
Direção de Arte: Paulo Vitor
Roteiro: Todos
Produção Executiva: Edgar dos Anjos e Carla Fernanda
Pré-produção: Janaina Campos e Edinéia Alves
Edição: Cibele Saliba e Alan Palmer
Câmeras: Rafaela Saliba, Leandro Rodrigues e Risiane Castro
Autoração (Créditos): Paulo Vítor, Cibele Saliba e Alan Palmer
Divulgação: Juliana Karla – Flávia Aguiar
Produção: Núbia Domingues e Cláudio Rodrigues

Coordenação geral: Richardson Pontone

Documentário: O motivo da escolha!

O nosso projeto pretende realizar um documentário ressaltando os aspectos históricos, culturais, e mais recentemente, econômicos, que permeiam um dos mais importantes patrimônios históricos do estado: A Colônia Santa Izabel. O governo de Minas Gerais, na década de 20, criou o mais antigo sanatório para hansenianos do estado. O local é um exemplo notório da política sanitarista adotada pelo país naquela época, direcionada para a erradicação de doenças contagiosas como o mal de hansen, mais conhecido por “lepra”. Tratava-se praticamente de um campo de concentração da saúde, mantido pelo Estado, onde os portadores do contagioso bacilo deveriam ficar isolados preservando a integridade física de toda uma população “não contaminada”.

O local escolhido para a construção do conjunto arquitetônico da colônia foi o terraço do Rio Paraopeba, próximo ao rio Bandeirantes, cujo vale também foi ocupado pela construção. O lugar hoje abriga um dos maiores bairros de Betim, o Citrolândia. Bairro este que se formou justamente pelos familiares dos pacientes internados na colônia, que se alojaram próximo ao local, com o intuito de ficar perto dos familiares doentes, ou simplesmente, por não terem como custear as viagens, que naquela época eram longas e com poucos meios de se chegar ao local. Na época Betim era parte do município de Santa Quitéria, hoje Esmeraldas.
A maneira como foi construído o desenho urbano de Santa Isabel é peculiar e exclusivo de colônias desta natureza, o que reflete a problemática da lepra no início do século passado, a qual resultou em medidas sanitaristas de “cunho profilático”, por não dizer segregador. A Colônia, na época de sua construção, tinha como via de acesso principal a ferrovia que ligava Belo Horizonte a Brumadinho, com uma estação em Mário Campos (Ibirité), próximo do seu portão de entrada. Além da infra-estrutura avançada para a época, foram construídos, ainda, equipamentos de lazer coletivo, como o cine-teatro glória e os clubes recreativos. Refletindo a religiosidade, não poderia faltar a igreja para completar o quadro local. Estes itens fazem parte dos prédios que em 1988 foram tombados pelo patrimônio histórico de Betim.

“A vida cultural na colônia era intensa, sendo que grande parte da mesma girava em torno do Cine Teatro Glória, do Clube Recreativo e do Salão de jogos, situados no pavilhão de Juiz de Fora. Havia sessões de cinema, festivais teatrais, ‘horas dançantes’ e bailes aos sábados e domingos, animados pelos conjuntos de jazz, formados pelos rapazes da Colônia. No Salão de Jogos eram promovidos bingos e jogos que envolviam toda a comunidade. (...) Em torno do Pavilhão havia também um dinamismo intenso. Era o local do ‘footing’, de encontros, onde aconteciam os flertes e os namoros que, muitas vezes, terminavam em casamento e filhos...”
(MENDONÇA E MODESTO in: A memória betinense. Colônia Santa Isabel, rel. p. 39).

A chegada pelo antigo portal, ainda existente, passa primeiro pelo hoje bairro Monte Calvário, na época “saúde”, local onde foram construídos casas e equipamentos destinados aos trabalhadores que atenderiam à colônia. Em seguida, havia uma corrente que separava a referida área dos pavilhões e casas destinadas aos doentes. Esses fatos impulsionaram a montagem de uma infra-estrutura econômica de produção própria, onde foram criadas olarias, serrarias, unidades de produção agrícola para cultivo e criação de animais com fins de auto-abastecimento. Os doentes foram aproveitados como mão-de-obra nos trabalhos de construção civil, reparos, fabricação de tijolos, serraria, agricultura e pecuária.

Hoje, os portadores da doença vivem em um sistema aberto, circulando normalmente junto aos não portadores. O hospital-colônia está desativado. Não existe mais o isolamento compulsório imposto entre as décadas de 30 e 60. Os que desejaram, lá ficaram.

Em 2000, a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (FHEMIG) passou a dividir a administração da colônia com a Prefeitura Municipal de Betim. O terreno onde está localizada a colônia, ainda pertence ao estado.

Justificativa
O Conjunto Urbano da Colônia Santa Izabel faz parte do patrimônio histórico-cultural da cidade de Betim e os moradores que nela residem possuem enriquecedoras informações sobre os tristes momentos vivenciados pelos portadores de hanseníase na década de 20.
Situada no município de Betim e foi construída entre 1922 e 1931 para acomodamento de portadores de hanseníase, que ali eram confinados para tratamento.
Seu conjunto arquitetônico segue os modelos da época e em 2000, os 5,5 milhões de metros quadrados foram tombados como Patrimônio Histórico-cultural. Em 2005, o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente de Betim solicitou à PUC Minas uma pesquisa cujo objetivo era retratar a situação da criança e do adolescente do município. Um estudo comparativo foi realizado pela PUC Minas em Betim. Os resultados demonstraram a região do Citrolândia como a de piores condições sociais no município de Betim e menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região metropolitana de Belo Horizonte.

Considerando a importância histórica e cultural do passado, e os dados recentemente apontados pela pesquisa realizada pela PUC Minas em Betim sobre o presente da Colônia Santa Izabel, tornou-se indiscutível para este grupo de pesquisa e elaboração de documentário experimental a escolha pela Colônia Santa Izabel como cenário e personagem principal de um vídeo que procurará apresentar aos interessados no papel que exerceu (e ainda exerce) na construção da identidade da cidade de Betim.