quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Definidas as exibições

"Sob o olhar de Santa Isabel", documentário realizado pelos estudantes do 7º período de jornalismo do Instituto J Andrade, foi concebido para ser um trabalho acadêmico dentro da disciplina Planejamento de Documentários para TV. O trabalho entusiasmado da turma, e o resultado do processo de gravação tomou conta dos alunos que uniram forças para que "Sob o olhar" não fosse exibido apenas na faculdade.

Como já haviam agendado o dia 3 de dezembro para a exibição no Instutito J Andrade, aberto à toda comunidade acadêmica, ficou ainda, o desejo de mostrar o resultado do trabalho aos entrevistados e seus amigos e familiares. E não é que os estudantes conseguiram isso?!


A Funarbe (Fundação Artístico-cultural de Betim) confirmou que nos dias 23 de janeiro (às 17h) e 27 de janeiro (às 18h) "Sob o olhar de Santa Isabel" será exibido para toda a comunidade da colônia e região. "Uma enorme satisfação para toda a equipe que trabalhou neste projeto. Esperávamos ansiosos pela confirmação da exibição durante o Concerto, de pelo menos um dia. Ficamos sabendo que serão dois. Alegria é pouco para o que estamos sentindo. Nosso sincero agradecimento à Funarbe por confiar em nosso trabalho e ao Morhan, que tanto nos ajudou", afirmou o diretor do Doc, o aluno Márcio Antunes.

Release.

Colônia Santa Isabel é tema de documentário acadêmico
“Sob o olhar de Santa Isabel” terá exibições em Juatuba e na própria Colônia, em Betim


"Sob o olhar de Santa Isabel", documentário realizado pelos estudantes do 7º período de jornalismo do Instituto J Andrade, conta a história dos ex-hansenianos que moram na Colônia Santa Isabel, em Betim. A comunidade acadêmica do Instituto J Andrade de Ensino Superior, em Juatuba, irá assistir ao trabalho no próximo dia 3 de dezembro, às 20h, na própria instituição. Já com o apoio da Fundação Artístico-Cultural de Betim (Funarbe), os estudantes apresentarão o documentário, nos dias 23 e 27 de janeiro, dentro da programação do "Concerto Contra o Preconceito". O evento promovido pelo Movimento de Reintegração das Pessoas Acometidas pela Hanseníase (Morhan), com atividades em Belo Horizonte e em Betim, tanto na região central, quanto na própria colônia.

Entusiasmados pelo contexto histórico do lugar, os futuros jornalistas optaram pela colônia como tema do documentário que devem produzir para a disciplina "Planejamento de Documentários para TV". O grupo de 15 estudantes foram os responsáveis por todo o processo de produção que envolveu a pesquisa histórica, pré-produção, gravação e edição. Os estudantes utilizaram os equipamentos disponíveis do Instituto J Andrade, como câmeras e ilha de edição.

A escolha das personagens foi decidida em conjunto com Hélio Dutra, Presidente do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan). A captura de imagens e as entrevistas emocionaram os estudantes-documentaristas. "Esta experiência tem sido enriquecedora e surpreendente. Surpreendente porque pude descobrir nas pessoas à vontade e alegria de viver mesmo diante das dificuldades. E enriquecedora porque me acrescentou muitos valores, entre eles, a certeza de que a fé impulsiona o mundo", define Rafaela Saliba, uma das integrantes da equipe de produção.

De acordo com Richardson Pontone, a avaliação como forma de aprovar os estudantes é apenas um detalhe, o que vale mesmo é o aprendizado pela prática. “A nossa intenção é fomentar o conhecimento do documentário a todo tipo de público e proporcionar a instrumentação técnica necessária para a construção de narrativas documentais. Tanto em comunidades carentes como em círculos cinematográficos, observamos pouco conhecimento acerca do documentário. Por outro lado, há o interesse comum por desvendar essa história e colocar a mão na câmera. Antes de nos instrumentalizar meramente em uma "nota", o que acredito ser imprescindível é a prática", constata o professor.

Para o aluno escolhido para ser o diretor do documentário, Márcio Antunes, o resultado final ficou mais do que satisfatório, ficou emocionante. “Escolher a colônia não foi uma tarefa difícil. É um local muito importante para toda a cidade. Santa Isabel é a maior colônia de ex-hansenianos do Brasil. E não é só isso. Ela tem história e cultura aflorando por todos os lados. Ver o documentário pronto e com a cara que queríamos, é de emocionar”, define Antunes. Há ainda a previsão de que este documentário possa participar de festivais de cinema pelo país, em 2008.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Cibele Saliba

Foto legenda: Cibele capta o áudio de uma das entrevistadas


Neste emocionante documentário pudemos conhecer pessoas com histórias de vida sofridas, cheias de preconceito e incrivelmente vitoriosas, que de uma maneira ou de outra conseguiram construir um final feliz. Vidas marcadas pelo desconhecimento da época, pela dor da separação, pelas seqüelas da hanseníase, pelo tratamento, tristezas e isolamento, histórias que nos fazem chorar e reavaliar nossos conceitos e valores. Esse documentário não foi apenas um trabalho de faculdade como outro qualquer, foi uma lição de vida para todos nós, alunos do 7º período, que conhecemos e poderemos compartilhar um pouco dessas sensibilizantes histórias com outras pessoas. É muito gratificante poder mostrar, resgatar e ajudar na constante luta dos moradores da Colônia Santa Isabel contra esse amargo preconceito que ainda hoje existe (em proporções menores), seja pela falta de conhecimento, ou pela sombria história desse lugar marcado por dor e sofrimento. Localizado na cidade de Betim, na região do Citrolândia, a Colônia Santa Isabel, antigo abrigo de hansenianos, faz parte do patrimônio histórico dessa cidade.





Divisão de Funções
Como editora tenho o privilégio de rever todos os momentos marcantes que presenciei nas duas vezes que pude comparecer nas gravações e também assistir as que não estive presente. Essa função nos possibilita exercitar nosso poder de concentração e aguçando nossa percepção para detalhes que passaram despercebidos nos momentos das gravações, além de nos presentear com a finalização de importante trabalho. Como todo trabalho em grupo bem organizado, também tive a oportunidade de tirar fotos nas gravações e ajudar a confeccionar o layout do cartaz de divulgação e da capa do DVD de nosso documentário.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Risiane Castro

Histórias lindas e reais

Momentos inexplicáveis,
Pessoas especiais, vidas sofridas e que superam as barreiras para conseguir um espaço neste mundo. São pessoas assim que nós encontramos ao longo desse trabalho, não simplesmente acadêmico, mas uma lição para cada um de nós que ouvimos e vimos estas histórias.
Barradas pelo preconceito, excluídas da sociedade (até por quem mais amavam), estes ex-hansenianos aprenderam a sobreviver e superar os problemas, sozinhos! Não! Eles têm um Deus maior, uma fé capaz de mover montanhas e foi essa fé que fez com que aquelas crianças que chegaram à Colônia, em busca de tratamento, encontrassem a felicidade.


Foto legenda: Risiane (preto) espera para começar a gravar com uma das entrevistadas.

Choramos... Emoções fizeram parte do nosso projeto, só assim aprendemos e podemos ver que a vida da gente é uma dádiva de Deus, aprendemos a agradecer pelo que temos, conhecemos de perto a fé e vimos que com ela somos capazes de vencer.

Pude conhecer problemas que nem passam perto “dos nossos”, mas que a gente teima em reclamar todos os dias. A Colônia é um lugar aconchegante. Pessoas alegres que nos receberam de braços abertos e abriram as portas de suas casas com um sorriso no rosto. Nosso projeto enfim, foi uma escola pra nós...

Acredito que todos que assistirem ao “Sob o olhar de Santa Izabel” vão começar a ver a vida por outro ângulo.
Histórias comoventes! Que tocam fundo nos corações, contada por pessoas, nenhuma estrela e nenhum artista, pessoas como a gente, que andam nas ruas sem se preocupar, que sabem o valor de suas vidas e que são apenas felizes, muito felizes apesar de todo o sofrimento.

Vale a pena conferir, é simplesmente lindo!!!

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Rafaela Saliba

A ESCOLHA DO TEMA
Momento de dúvida, falar sobre a desativação de um presídio localizado no centro de Betim ou sobre a Colônia Santa Isabel, antigo abrigo de hansenianos localizado no bairro Citrolândia, periferia da mesma cidade. Ingenuidade a minha, mas ao votar na Colônia pensei em me deparar com uma realidade menos árdua, menos sombria que as histórias de um presídio. Mal sabia o que estava por vir...
Ressalto que o fator mais decisivo na escolha foi a relevância do documentário para a sociedade e a pertinência do assunto mesmo em dias atuais.

A DIVISÃO DE FUNÇÕES
Em principio pensei em fazer parte da equipe de edição, como de costume, mas o desejo de aprender outras experiências, a possibilidade de novas vivências, me fez escolher fazer parte da equipe de cinegrafia. Devido à ausência de equipamentos nos subdividimos em cinegrafista principal e assistentes de apoio. Ao contrário que se possa imaginar, o fato de não ter em mãos uma câmera não tirou o glamour da minha contribuição.

Além de checar a iluminação, averiguar as tomadas elétricas, se seria necessário o uso de extensão, etc. vimos objetos, alguns foram para mim chocantes, as botas das crianças hansenianas e as fichas de ingresso, semelhantes às fichas policiais, são alguns exemplos. Vimos um álbum de fotos com a evolução da doença em muitos pacientes e uma riquíssima biblioteca com um vasto acervo sobre o tema.

Foto legenda: Rafaela verifica uma das peças que serão filmadas pela equipe de produção de "Sob o olhar"

AS PERSONAGENS
O discurso emocionado de muitas das personagens escolhidas para ilustrar o nosso documentário me sensibilizou, me fez chorar e reavaliar os meus conceitos, minha noção de prioridade, o valor que se deve dar à família, à saúde, etc.

Todas as personagens tem o seu encanto, citarei aqui as que mais me emocionaram e que de alguma forma me identifiquei com seu discurso.

A primeira delas foi D. Antonia, quem vê aquela senhora franzina de aparência frágil, não imagina a força e a vontade de viver que a fizeram superar o trauma de ver sua filha renegada pela própria avó, entregue para adoção, o suicídio do marido e a casa incendiada, além é claro, da descoberta da doença ainda sem cura, carregada de preconceito e o confinamento. Ouvir D. Antonia cantar com toda sua doçura me trouxe de volta o encantamento da infância.

Falando nisso, me lembro com ternura da fala do Sr. José André, quem o vê estacionando com habilidade seu Fusca não imagina que além de sofrer com o afastamento de sua família, ao ver os pais morrerem, ainda teve parte dos pés de mãos mutilados pela doença. Me emocionei muito com as suas histórias, a que mais me marcou foi ouvi-lo contar que raramente conseguia ir para Belo Horizonte, já que ao avistá-lo o motorista logo fechava a porta e arrancava o ônibus. Também foi marcante ouvir sua discrição dos vagões de trem que transportavam os portadores e suspeitos de hanseníase do Espírito Santo para Santa Isabel.

Sr. Félix com sua fala mansa e serena nos conta que escolheu viver por ali, mesmo não sendo portador da doença. Tal comportamento não é difícil de entender já que aquela região é sim carregada de afeto, aquelas pessoas maravilhosas, dotadas de sentimentos nobres conseguiram reverter essas lembranças em superação e alegria de viver.

Helinho também é uma figura interessante, ao vê-lo adentrar o Memorial com suas surradas sandálias havaianas me surpreendi ao ouvir seu discurso. Ele é muito articulado, tem o dom da oratória e nos apresentou cada canto, em alguns momentos vi seus olhos anuveados em lágrimas. Helinho fala com orgulho e propriedade que a colônia foi o berço da cultura na região. Ele conta com fervor dos momentos de rádio, peças teatrais e principalmente dos concertos de jazz, que trazia ouvintes de todos os lugares.

OS DETALHES
No segundo dia de gravação ao entrar na Igreja, domingo logo cedo foi agradável e aconchegante, é claro que os moradores pareciam curiosos e até desconfiados frente às câmeras. Mas o nosso prazer de produzir, a sensação de praticar o jornalismo falou mais alto e despertou em mim a sensibilidade de olhar para além do obvio. Foi exatamente isso que fiz ao examinar todos aqueles quadros que alegravam a pequena Igreja. Naquelas telas minha imaginação foi longe, era um trabalho artístico surreal, totalmente simbólico. Para exemplificar, descrevo algumas delas: vimos Cristo crucificado ao lado de um trailler da Coca-Cola, vimos também apóstolos vestidos com a farda da Polícia Militar, o Batman e o Coringa assistindo a tudo isso.


A TRAVESSIA
Ao ver que naquele lugar os cavalos comungam o mesmo espaço que os moradores, que as antigas bicicletas transportavam famílias e as compras são carregadas com o auxílio de carrinho de mão dava para ver que estávamos em um quase interior. Tive essa confirmação ao ver que um corredor estreito entre duas casas ladeadas por “barrancos” eram uma das pontas da travessia do rio Paraopeba. O percurso é feito pelos moradores há mais de 50 anos, leva aproximadamente dois minutos e custa R$1,00. Quem não pode pagar ou não tem tempo de dar a volta de 13 km pela estrada acaba se aventurando no nado. Parece que as autoridades se esqueceram de cuidar daquela rica região.

MAKING OFF
No início me senti insegura por estar em um bairro até então desconhecido e ladeado pela favela Alto da Boa Vista, onde os índices de violência são crescentes, por um momento tive medo que aranhassem meu carro ou roubassem nossos equipamentos. Logo a sinergia da equipe e o envolvimento com o trabalho me fizeram esquecer a insegurança. Não vou esquecer que fomos “atacados” por um enxame de insetos ao tentar esconder uma fonte do sol. Também será difícil esquecer o delicioso almoço da D. Joelma. Parece que até a Coca-Cola vendida na Colônia Santa Isabel foi mais saborosa depois de uma longa e exaustiva tarde de filmagens.

O FIM
Na verdade, o fim para mim tem com gostinho de começo. Agora recomeça o trabalho e suas outras etapas, a exibição, a divulgação e porque não o incessante pensar em qual será o tema do próximo documentário. Bem que o Richardson avisou que isso vicia...