quarta-feira, 19 de março de 2008

“Sob o Olhar” no III Felco

O documentário “Sob o Olhar de Santa Isabel”, projeto experimental dos alunos formandos em jornalismo do Instituto J Andrade de Ensino Superior, de Juatuba (MG), , foi selecionado para ser exibido no III Felco - Festival Latino Americano da Classe Obrera. A exibição de “Sob o Olhar” está prevista para acontecer no próximo dia 4 de abril, por volta das 17h. O festival acontece de 2 a 6 de abril, em Belo Horizonte.

A 3º edição do FELCO – Festival Latino Americano da Classe Obrera, neste ano o festival apresentará a Mostra Especial BH Retrospectiva Brasil, no Cine Humberto Mauro. O Felco, durante cinco dias, apresentará a produção de realizadores de várias partes do país, assim como obras de cineastas já consagrados como Jorge Bodanzky, Toni Venturi e Silvio Tendler. Como exemplo das produções contemporâneas, o Festival homenageia também o cineasta Carlos Pronzato. O Festival foi criado na Argentina e mais uma vez chega a BH com exibições e debates com entrada gratuita. Um festival sem fins lucrativos onde a informação e a cultura encontram o público.

O FELCO abraça o Brasil na sua 3º edição em BH, com uma proposta mais voltada para as produções brasileiras de cunho social e artístico. É a primeira escala de Sob o Olhar em festivais abertos ao público. Agora as comunidades de Santa Isabel e de Betim podem torcer pelo trabalho dos jovens futuros jornalistas.

O professor da turma, Richardson Pontone, orientador e supervisor de “Sob o Olhar”, ainda participará com "O que será da Tv Digital?", outro trabalho experimental de sua autoria em parceria com Adriana Veloso, que também será exibido. A exibição acontecerá dia 5 de abril, às 17h.

Programação você encontra no site:
Dia 4 de abril (sexta)17h –
ANTES DA EXIBIÇÃO, HAVERÁ OUTRO FILME SENDO APRESENTADO
O vôo. Olhares. Travessia. - 18mim. BRA – 2005Sob Olhar de Santa Isabel - 30mim. BRA – 2007Dir: Márcio Antunes SilveiraSinopse> O filme conta a história de seis hansenianos que ajudaram a mudar o assustador quadro de exclusão e mais três entrevistados que trabalham em função de uma melhor qualidade de vida para os pacientes da colônia.


Dia 5 de abril (sábado)17h –O que será da Tv Digital? - 7mim. BRA – 2007Dir: Richardson Pontone e Adriana VelosoSinopse> Vídeo produzido pelo coletivo kolho de BH, que contou com a participação de diversas pessoas na Praça 7 no dia do aniversário de 46 anos da Rede Globo.

terça-feira, 11 de março de 2008

“Sob o Olhar” pode participar de festival nacional de cinema

“Sob o Olhar de Santa Isabel”, documentário produzido pelos estudantes de jornalismo do Instituto J Andrade de Ensino Superior, poderá participar da décima edição do Vide-Vídeo, Festival Nacional de Cinema e Vídeo Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O vídeo já foi inscrito no festival que reunirá filmes das categorias Documentário, Ficção, Animação ou Experimental. Após o período de inscrição, que terminou no último dia 29, os filmes inscritos passarão por uma seleção, que irá definir os finalistas que disputarão nas categorias voto popular e júri especializado.

O Festival – abertura, exibições e cerimônia de premiação – acontecerá entre os dias 10 e 17 de maio de 2008. Para participar, “Sob o Olhar” teve que ser reduzido em 1 minuto para se adequar às exigências do regulamento que previa que para os documentários, o tempo máximo de exibição não poderia passar de 30 minutos.

Os selecionados para disputar o júri especializado, categoria vista como mais técnica, devem ser anunciados nos próximos dias. A equipe de realização do vídeo aguarda a confirmação e já estuda uma maneira de ir até a UFRJ nos principais dias do festival. Agora é aguardar. Mais informações sobre o Vide Vídeo, no site: http://www.eco.ufrj.br/videvideo/

Sob as bênçãos de Santa Izabel


Sob o Olhar foi notícia em diversos veículos de comunicação da RMBH. Destaque para a matéria feita pela repórter Márcia Maria Cruz, do Estado de Minas. Segue:



Depois de 13 anos fechado, o Cine-teatro Glória voltou a exibir filmes para os moradores da Colônia Santa Izabel, no bairro Citrolândia, em Betim, na Grande BH. Inaugurado em 1934, o cinema foi tombado pelo patrimônio histórico municipal, mas estava inativo, mesmo depois de ter sido reformado em 2005. A reinauguração ocorreu, no última quarta-feira, com a apresentação de Sob o olhar de Santa Izabel, documentário produzido por 15 alunos de jornalismo do Instituto J. Andrade, de Juatuba. “É um sentimento muito positivo ver o cinema voltar a funcionar. Vamos passar outros documentários e filmes”, planeja o coordenador do Movimento de Reintegração de Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Hélio Dutra.



Na tarde que antecedeu o lançamento, Risiane de Castro, de 20 anos; Cláudio de Almeida, de 21; e Flávia Aguiar, de 24, acertavam os últimos detalhes para a exibição. Foram tomados todo os cuidados para deixar o espaço aconchegante para as quase 150 pessoas que lotaram o cinema, entre ex-pacientes de hanseníase, familiares, profissionais de saúde que trabalham na colônia e amigos. Risiane e Cláudio fizeram a produção e a divulgação ficou a cargo de Flávia.
A maior parte dos estudantes envolvidos no projeto mora em Betim. Por isso, nasceu o desejo de retratar a colônia que faz parte da história da cidade. “Optamos pela colônia pela importância sóciocultural. Quando ela foi criada, Betim ainda não era município”, lembra o diretor do documentário, Márcio Antunes, de 29 anos.



Pelo fato de a colônia estar intimamente ligada a Betim, o tema contribui para o resgate da memória da região. O documentário dura 30 minutos e traz depoimentos de seis ex-portadores de hanseníase, com idades entre 50 e 90 anos, que passaram pelo internamento compulsório. De 1930 a 1980, os portadores da doença eram privados do convívio social, com o isolamento das casas e dependências onde viviam. Um misto de temor e preconceito fazia com que essas pessoas fossem estigmatizadas.



Embora suspensa por mais de uma década, a relação dos moradores da colônia com o cinema é antiga. As máquinas de projeção do início do século 20 podem ser vistas no Memorial José Adelino, onde são guardados documentos, fotos e outros objetos que contam a história do local. O vídeo foi o trabalho final dos alunos para a disciplina produção de documentários para a TV, do professor Richardson Pontone.


MÚSICA
As histórias e memórias mostram que nem mesmo o estigma é capaz de impedir as pessoas de sonhar. É o caso de Paulo Luiz Domingues, de 75 anos. Ele aparece no vídeo cantando um samba sobre a perda da sensibilidade e sua paixão pelo cavaquinho: “Ao perceber que meu tato eu perdia/ Duas lágrimas rolaram/ Lá se foi minh’alegria./ Logo pensei: o que vou fazer?/ (…) Ela (a música) eu não vou deixar/ Meu caquinho, não vai parar/ Se eu não toco outros deverão tocar”.



Depois de 50 anos na colônia, o sambista se diz apaixonado pelo lugar, embora reconheça que, por morar lá, foi vítima de muito preconceito. Seu samba é um indicativo da relação íntima dos ex-pacientes com a música. Muitos cantaram no coral Os Tangarás de Santa Izabel e emprestaram a voz para a trilha sonora do vídeo. A relação com a música vem desde os primeiros anos da colônia, em 1939, sob a batuta do maestro José Carlos da Piedade.
Paulo começou a perder a sensibilidade em 1970 e, quatro anos depois, suas mãos atrofiaram. No entanto, ele se adaptou à nova condição e, hoje, sem o bacilo da doença, mas com as seqüelas, faz tudo com desenvoltura, inclusive datilografia. Outros três entrevistados que trabalham para melhorar a qualidade de vida na colônia dão depoimentos. A sessão de cinema integrou a programação do 15º Concerto Contra o Preconceito, que durou uma semana e terminou ontem. Outro ponto alto da programação foi o show do cantor e compositor Guilherme Arantes.